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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Indignação

A seleção dos escravos era feita nos entrepostos pelos próprios interessados pela
compra do escravo. O exame mais importante e rigoroso era o realizado nos dentes,
e uma ligeira inspeção para apontar eventuais manifestações de algum tipo de doença.
(SOUTO, Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Senac Nacional, 2004. Rio de Janeiro)


Nada muito longo para escrever, nem muito poético. Aliás, não consigo ser poético diante de algo como o que relato:
Pois que o diretor de onde trabalho conheceu duas novas empregadas.
Ambas são jovens e humanas. Cada uma a seu estilo é séria, estuda. Agora buscam entrar no mercado de trabalho através de uma empresa dita "dos sonhos".
Tendo sido apresentado à ambas num final de dia, às oito da noite, quando não era para nenhuma das duas estar na empresa, eis que ele diz:
"Hum, essa aqui tem porte, é séria, parece que vai dar uma profissional. Mas essa aqui, não sei não!"
Perdoem, queridos, se esperavam um texto bonito, mas a proposta aqui é só mesmso desabafar! Ele disse isso diante das duas! E elas estão só começando, meu Deus!
Ai, meu Deus! O que eu faço? Se eu estivesse presente eu SEI o que eu faria, mas e agora que o tempo já passou e eu nem estava lá para intervir.
E, o que mais espanta: ninguém fez absolutamente nada.
As duas saíram e foram beber juntas para relaxar, ambas chocadas com o tratamento recebido e vieram me contar no dia seguinte.
Escrevo a partir da dor de saber da notícia, do pasmo, da perplexidade e da revolta.
Meu Deus, olhai por nós!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Poema anti-natural da inocência

Pois que sendo dotado de uma natureza diversa daquela de parir
Fui dadivado com o fazedor de pipis proeminente
Característico da virilitude macha.

Eis que então narro-lhes um fato:

Homnimais! recriamos a fazedura dos atos divinos
E inventamos as prisões até mesmo para um ato natural e contínuo:
A água que entra em mim, sai: jato de mijo quente
Descendo pelo meu pau e subindo pela minha espinha em arrepios tais
que me causam prazeres subreptícios e/ou explícitos.
Com as involu-revolu-evolu-ções do eu-homem
Acabei por ter meu pau, meu mijo e o eu de mim
preso à amplitude limitada do... banheiro!

Mas o banheiro não é aprisionamento e sim condicionamento!
replicam os polidos, os educados, os conservadores.
Mas que, educada-polida-conservadora-mente, fodam-se!
que o banheiro é, sim, controle de minha natureza primeira!
é ordenar que volte para dentro o rebento que arrebenta o corpo de sua mãe
e vem conhecer o mundo!
é subjugar o produto de minhas entranhas humanimais
e mandar que volte para dentro o mijo que me desce
que me enregela,
que me aperta.

E, sendo ou não prisão, fato é que por não ter ido ao banheiro
quase que fui preso ontem no finalzinho da tarde:
- Meliante, mãos ao alto! Solte esse pau e recolha esse jato!
Ao que respondi:
- Senhor policial, mas que desacato! Se o senhor morasse na roça
mijar não seria a questão. Duvido mesmo é que o senhor não cagaria no mato!



Ps.: Queridísssimos, o poema é ingênuo, mais mesmo uma forma diferente de contar esse fato inusitado: ontem quase fui mesmo preso porque estava mt apertado da viagem de volta da casa dos meus pais e pedi à minha irmã para parar o carro pra eu fazer um rápido pipi. Obviamente o policial queria que eu desse dinheiro a ele, o que resisti a fazer e esperer até que a patrulha chegasse para rir da cara do policial que me "prendeu" e me liberar.
Ah! e dando o crédito a quem devo, a expressão "homnimal" e "humanimal" é criação do teatrólogo francês Novarina em seu "Discurso aos animais", duas peças escritas por ele e reunidas sobre esse nome e belamente representadas por Ana Kfouri.