Pequena Beatriz, minha vida!
O amor, assim como a vida, é uma dádiva! E só alguns são capazes de dádivas como estas. Há aqueles que morrem a cada instante: a estes esta dádiva não é dada a conhecer.
Confesso que fiquei surpreso com sua carta. Sim, não esperava. A outra havia sido tão seca, tão dura. Em meio a essa dádiva que a vida é, há dores, mas estas passam, como passaram assim que terminei de ler suas palavras. A que sinto agora, esta dorzinha no peito, é um pequenito milagre e chama-se felicidade.
Notei que faltaram algumas coisas em meio ao que fui buscar na portaria do prédio. O Seo Zé, gente fina como sempre, me perguntou se eu e você estávamos bem... Porteiros... Sempre metendo o bedelho... Disse que estava estranhando minha ausência no prédio. Não sei se fiz bem, mas naquele momento disse apenas que eu estava viajando muito a trabalho. Parece que lá no fundo, eu sabia que ainda teríamos outra chance!
Ah! Como gosto de ti, pequenita!
Não me importo com o que aconteceu! De agora em diante, novos caminhos poderão ser trilhados! E quero trilhá-los ao teu lado!
Compreendo tua raiva, teu desespero. Perdoe-me se em algum momento pareceu que te ignorava, mas é que preferia manter-me distante. Melhor: talvez por não compreender o que eu sentia, mantive-me distante todo o tempo, como quando, como você mesma disse, desnudou-se diante de mim, "meus sentimentos expostos e suas respostas escarradas sobre mim". Como fui tolo! Perdoe-me, querida! Não entendia o que se passava comigo... Era a primeira vez que me sentia assim, como agora compreendo: era a primeira vez que o amor me era apresentado na vida e de um modo tão belo: você!
Quero logo que recebas esta carta! Quero logo acertar tudo! Sinto saudade de ter você ao meu lado quando o dia finda e a cama e a casa pertence a nós e aos nossos desejos.
Do seu,
Marcelo.
* Continuação da série de cartas trocadas entre Beatriz e Marcelo, iniciadas em Julho. Não sei como, mas todas elas param aqui em casa depois de abertas...
Sábado
Há 10 anos
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