Google

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O silêncio e a vida

Houve um tempo em que eu tinha medo do silêncio. Eu escrevia sobre ele. Hoje, não tenho medo. O silêncio, dentro dele, é palavras. É que sei que o silêncio é palavra.
Foi então, depois que perdi o medo, que me amordaçaram. Mas eu sabia que não era preciso a voz para gritar. A vida segue, apesar das mordaças. E a vida fala, apesar das mordaças. Minha vida é meu relato. Hoje, relato que me amordaçam e que da minha vida não posso dizer nada além do que solicitam que diga. Mas para além do limite existe o além-limites e lá é que está minha vida.
Viver é uma forma de falar. A não-vida é que é o profundo silêncio. Quieto, calado, com a fala tolhida e a voz abafada, eu grito que amo. E grito que é a melhor das coisas amar a coisa amada. E esse grito é grito de poros, é grito de corpo todo: é grito de vida que se vive. E sem vergonha de viver.
Não temo o silêncio. Tenho uma vida inteira e estou inteiro nela.

Nenhum comentário: