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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

De novo. Mais uma vez. Outra vez.

Outra vez... E tudo o que menos quero nesse momento é repetir. Mas outra vez inicio um blog.

Para Kierkegaard, a repetição não é algo desesperador. Ou melhor, ela se funda no desespero humano, que é fruto da condição de abertura do homem, mas não é desesperadora no sentido ôntico da palavra.
Penso que o mesmo se aplica à Psicanálise, o que para mim é duro de admitir, porque me convenci de que, não importa o conceito psicanalítico, minha postura deve ser "esquerdista" e devo fazer oposição. Mas devo ceder: nem para Freud a repetição era ruim. Dolorosa para o paciente, sim, mas ruim, de modo algum! Ela aparece como um sintoma e a percepção da repetição ajuda a saber o que deve ser trabalhado.

Mas voltando a Kierkegaard, para ele a repetição cotidiana é parte da vida.

Aí fiquei pensando... Repetição. E essa moda existencialista de hifenizar todas as palavras para tirarem-na do sentido comum e fazerem com que os leitores percebam os outros sentidos possíveis ali.

Lancei mão do recurso e, assim, criei o nome do blog: re-petição.

Redobrar é dobrar de novo. Reabastecer é abastecer novamente. Petição sabemos o que é: "1. ato de pedir; 2. rogo; 3. requerimento". O dicionário continua ajudando: "Pedir - 6. Impelir para; induzir a; clamar por".

Re-petição seria, digressivamente, a invocação do indivíduo de algo que ele fez e clama por fazer novamente. Desesperado por perceber-se aberto, melhor é não arriscar: re-pete-se, pede-se novamente aquilo que já se viveu.

Quantas vezes nos vemos às voltas com aquilo que já fizemos? Quantas vezes esbarramos nessa repetição cotidiana, disfarçada sob o nome de rotina?

Enfim, estou tentando achar um final interessante para este texto, mas isso está difícil. A idéia inicial era apenas justificar o título do blog, mas nem é pelo conteúdo filosófico que a palavra traz que a escolhi.

Melhor final é o começo do blog.

2 comentários:

Lili disse...

Muito bom, muito bom,definitivamente eu gosto mais dos textos que dos contos, e olha não é que os contos não me pareçam ótimos, mas gosto ainda mais dos textos.

Anônimo disse...

você está se tornando um ótimo psicólogo!!!!