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domingo, 25 de fevereiro de 2007

Re-lacionamentos

Calma, leitor! Não será outro texto sobre palavras hifenizadas. Admito que passei o dia todo tentando encaixar -lacionamento em alguma definição, mas não deu. Não vou dizer que re-lacionamento é uma repetição de um tal de "lacionamento" que eu nem sei o que significa (embora tenha me passado agora rapidamente pela cabeça a possibilidade de ter a ver com laços... refazer laços... qualquer coisa nesse sentido).

A idéia do hífen é só atentar para o fato de que há sentidos e sentidos. Sempre.

Ainda em Sapucaia. Hoje vi alguns filmes, mas nenhum me chamou tanta atenção quanto ao "Clube da Lua". De fato, não acabei de ver o filme e ele é meio lento, mas tive que parar para refletir um pouco sobre o que já vi até agora.

Num final de semana em que me propus a alugar filmes do Woody só porque ele é um mestre em falar de relacionamento, nenhum dos dois filmes dele que aluguei me ajudaram a compreender o que relacionamento são. Vi quatro dos cinco filmes que aluguei e, para ser sincero, nenhum me ajudou a compreender meu momento atual e esse mundo das relações. Isso até eu tomar coragem e colocar o tal "Clube" no DVD (demorei a decidir isso, porque confesso ter alugado o filme sem muito ânimo apesar das recomendações de amigos e dos jornais da época em que a película ainda estava em cartaz).

Vi até os trinta minutos e como diria a Rachel num dos episódios de "Friends": "I was fine. Ross was just Ross. But now, he is Rooooooosssssss!". Claro, nada a ver com Ross. Ainda venho alimentando minha heterossexualidade com pornografia da internet. A questão é que "Eu estava bem. "Clube da Lua era só "Clube da Lua. Mas agora é o "Clube da Lua"! Esse filme que tem essa cena linda e essas falas que dizem tanto que voltei um pouco o filme, peguei um bloco e caneta e anotei para colocar aqui".

O filme começa com o nascimento de Román dentro do tal clube há um tempo distante do nosso. Aí, como (quase) sempre, o tempo passa e o rapaz já está grande, tem dois filhos (uma menina de uns dez e um rapaz de uns 20, só para vocês terem a idéia da idade do tal Román "ahora") e está casado a vinte anos com Veronika. Ele é um taxista e, por ter nascido no clube, ganhou um título como sócio vitalício.

O clube anda meio caído (como quase todos os clubes de antigamente que ainda existem hoje em dia - vide o Mangueira, clube da cidade dos meus pais) e a diretoria, da qual Román faz parte, está tentando resgatar o glamour de antigamente.

Anda sempre duro nosso rapaz e corta um dobrado para sustentar a família. Para essa tarefa, conta com a ajuda da esposa, que é professora.

Só para ficarmos com mais pena, o roteirista faz o seguinte: mostra como Román é preocupado com a família e o faz levar remédio para a esposa no trabalho dela, porque ele percebe que ela está com uma tosse seca. Ao chegar lá, os alunos indicam que ela está em um restaurante e... Bam! Lá está ela, numa mesa que parece ter sido ocupada por mais uma pessoa.

O clima fica meio pesado. Sem brigas. Nosso rapaz é educado. Ele apenas faz uma cara de dar dó e sai tão desnorteado que bate com a cara na porta de vidro (o que poderia ter graça, mas não tem). É aí que vem a tal cena:

(Román em casa, num terraço, conversando com a esposa que acabara de admitir que tem um amante. Ela começa a falar).

Veronika: Me dê um beijo!
Román: O quê?
V: Sim. Não um beijo de bom dia! Um chupão!
R: Ficou maluca? (...) O que quer?
V: Vamos! (Beijam-se) Vamoo fazer alguma coisa, sim? Vamos nos redescobrir, como antes.
R: Sim, está bem.
V: Sim?
R: Eu sei que é difícil. Vinte anos com a mesma pessoa.
V: Que bom se fosse sempre a mesma pessoa.
(fim da cena)

Acho melhor nem ao menos comentar. Se isso fizer sentido para o leitor, que deixe ressoar. Se não... Insensível!

3 comentários:

Anônimo disse...

Os jogos de palavras,sempre, caro amigo...Neste aspecto, acho que ainda temos o risco de seu passeio pela Psicanálise ter feito a curva no Existencialismo e acabar parando em Lacan...Será?
Mas gosto das tuas reflexões...Sempre as tomo emprestadas pra mim...e delas, jamais saio como antes...
beijos

Anônimo disse...

P.S: Anômimo só de sacanagem...Sebe quem "escrevi"?rsrsrsr

Anônimo disse...

It's alive!!!!!!!!!!!!!
And so are you. Ain't that grand?