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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O atraso

Era costume. Olhava o jornal todos os dias. Sempre bom poder saber as coisas que acontecem, apesar de nunca ter encontrado nada que lhe dissesse respeito diretamente. Quer dizer, a não ser aquela vez em que disseram que todas as pessoas ansiosas podiam ficar tranquilas, pois os cientistas (sempre eles) haviam encontrado a cura para elas. Felicitou-se com a notícia, ligou para os amigos para contar, fez festa, economizou dinheiro para o remédio que, imaginara, seria caro. Ansioso que era, não percebeu que a notícia não era feita para os ansiosos, apesar de falar deles.
Hoje, pela segunda vez em toda sua vida ou em todo o tempo que checa os jornais, encontrou uma notícia que lhe diz respeito. É que no jornal dizia: "Metade dos vôos cancelados no Rio de Janeiro".
Sim, ia viajar ainda hoje. Não era viagem comum, era daquelas por que a gente espera por um bom tempo e quando tem a primeira oportunidade, se aferra à ela. Como diziam os gregos, a deusa Oportunidade é muito fugidia, com seus cabelos grandes. É preciso saber o momento de agarrar o cabelo da Oportunidade e seguir com ela.
Hoje iria encontrar quem tanto esperara. Não bastasse a ansiedade já inerente a si e a ansiedade gerada pela viagem e encontro, ainda a maldita notícia no jornal.
Sentou-se e pensou o que fazer. Poderia ligar para o aeroporto, poderia correr para a rodoviária e pegar um ônibus. Poderia ligar para a Companhia Aérea.
Sim! A Companhia Aérea! E correu para o computador novamente. O coração extravasado, batendo nervosamente. As mãos trêmulas digitaram o endereço eletrônico da empresa. Sessão de vôos...
Não conseguiram crer seus olhos quando viram que apenas um dos vôos não havia saído. Pequenos atrasos talvez, mas nada que pudesse atrapalhar aquilo que o motiva, neste momento, a terminar de fazer as malas e partir para o aeroporto: a certeza de que uma viagem e o final de semana irão valer a pena.
No avião, imaginava como seria o encontro.

Um comentário:

Anônimo disse...

E de dentro de um avião, indo ao encontro de quem importa, sempre tudo parece tão grandioso...o próprio ato de estar ali, as turbinas quando ligadas, o acelerar da aeronave, tudo visto lá de cima...acho,inclusive que a pressurização influencia no frio na barriga que dá quando pensamos...aquilo ali embaixo, será que já é a periferia de SP?
É assim pra você?
Pra mim era...rs