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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nós

Como nascem os nós? Tem um nó em mim. Tenho nós em mim, eu que sou um só. E não fui eu quem o atou. Para que servem nós? E para que os atamos? Tem um nó em mim e não sei o que fazer dele sem que ele me escape. Os nós são rápidos e fogem de meus dedos. A cada toque, sinto-os mais apertados, como nosso ser que quanto mais o procuramos, menos encontramos e mais nos afundamos neles. A interioridade é complicada. Viver para dentro é nunca saber onde se chega, porque depois do fim há um recomeço. E o recomeço, apesar de "re-", nunca é o mesmo começo. É um começo novo, de outro ponto. Dentro de mim há um ponto que não entendo. Ele está na minha garganta e é um nó. Tenho um nó na garganta. Para que serve o meu nó?
A cada toque, penso: ele não irá atender. A cada toque, meu nó se ata mais. Se me volto para mim, são dois toques: o do telefone - e o nó aperta a cada tom na linha sem resposta do outro lado - e o meu toque, este de quando olho para dentro - e o nó aperta em mim a cada nova tentativa de desatá-lo. E se os toques parassem? Para que servem os nós atados pelos toques? E se os dois toques são ruins, para que os deixo tocarem?
Desligo o telefone. Deito em minha cama. Desisto.

2 comentários:

Lili disse...

Gostei muito, muito mesmo deste também.

Beijos!

Eduardo Chacon disse...

H� muito tempo escrevi um poema assim:

Ela est� na minha garganta
A regurgitada ang�stia
E acalenta o retorno
A deglutida
Ela est� em minha garganta
Amarrada
No la�o
No tra�o curvo do meu pomo
Ad�mica
Ela est� na minha garganta