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domingo, 8 de julho de 2007

Dos factuais I

Meu corpo é meu fato. Em sua concretude, me interpela e me fala baixinho, como que sussurrando palavras doces ao meu ouvido: "aceita-me ou te devoro", parodiando a esfinge de Édipo.

É que há a insegurança cotidiana e a possibilidade de que no mundo existam coisas muito melhores que meu próprio corpo. Gostaria de fazer plásticas e modificá-lo. De que nos vale o mundo senão para que possamos interferir nele?

Meu corpo é um fato, mas não é meu fato. É meu incômodo. Quero modificá-lo ou modificar a idéia que tenho dele.

Já tentei de tudo: de dietas a exercícios, de não vê-lo a contemplá-lo diante de um grande espelho. Tento ver através de suas carnes aquilo que sou, mas ele sempre se interpõem, colocando-se exatamente no meio do caminho entre o que sou e como me vêem. Não sou meu corpo, mas pensam que seja e temo que fique só por isso. Vejo a beleza que há por dentro das pessoas e me apaixono por elas, mas não há como garantir que farão o mesmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Then would you really want to be with someone who does not see anything else but the "corpo"?