- Porra! Dá pra parar?! E em pensar que a idéia era ficar mais tranqüilo, arrumar companhia, ter uma ocupação e a puta que o pariu!
- Hein? - disse Orlando.
- Foi você quem falou?
- Claro que não - respondeu Orlando à Débora.
- Porra! E vai dizer que acreditou que você é que tinha criado Débora mesmo? (ataque de risos. Retoma a fala sem fôlego) Ai, ai, sempre ingênuos. Mas ao menos pensam que têm vida própria. Sempre pensei: quero que um dia minhas personagens criem vida própria. Até que elas criam e vira essa merda de pandemônio que virou isso aqui!
- E quem fala daí? - pergunta Débora assustada.
- Ora, senhorita. Andei sendo visitado por um "anônimo" e prefiro fazer o mesmo jogo. Mas certamente não sou esse bundão aí que fala com você de dentro da cabeça dele. Nem nome ele tinha... Orlando! Sugestão de Lucas. E inspirada em uma autora que duvido que conheçam. Aliás, não conhecem esta autora. Eu os criei e digo o que conhecem e o que não conhecem. Mas... Respondendo-lhe a pergunta, digamos que eu seja a caixa fora da caixa fora da caixa. Ou então que você seja a caixa dentro da caixa dentro da caixa , que sou eu.
- A porra das caixas de novo? Orlando, quer fazer o favor de se explicar?! - gritou Débora para Orlando.
- Mas também não entendo...
- Oras, explico então eu. Vejamos... Por onde começo?
- Que tal por quem somos nós, então? - sugeriu Orlando.
- Oras, personagens! Sempre preocupados com essas definições. É certo que nós, humanos de verdade, também nos preocupamos com as "essencialidades", mas é aquela coisa, não é? Não dá pra ser personagem sem ter a vida bem definida no livro, no conto, na crônica, ou no que quer que seja! Mas, tudo bem, cedo à necessidade de vocês! Vocês sou eu distorcido. São as idéias que tenho e a vida que pensei pras pessoas.
Débora, por exemplo, é a mulher que desceu do ônibus num ponto lotado perto de Xerém. Nenhuma das pessoas que estava lá naquele ponto era para ela. Eu estava no mesmo ônibus que a mulher, que talvez não se chame Débora. E não havia ninguém por mim no ponto em que desci. Talvez Débora não tenha dado para o taxista que a pegou ali onde descera. Penso mesmo que ela não faria isso. Mas você, a Débora que eu decidi colocar no papel, fugiu do que eu penso da "Débora" da vida real. E é por isso que criei Orlando, ou Paulo, ou o nome que for porque nomes aqui não importam. Queria livrar-me de meu nome e ver se eu seria alguém diferente! Mas Orlando então fora criado para tentar dar conta da "fuga" de Débora. Ele era o amante, o criador apaixonado, aquele que tentaria resgatar a idéia amada da fuga que ela cometera. Se é que fugas são coisas "cometidas", como crimes. Mas decerto essa fuga que você fez, Débora,é crime, pois não te criei para isso. Criei-te para refletir sobre a solidão daquela mulher que vi descer do ônibus. Criei-te para que eu aprendesse a lidar com a minha solidão.
- Alto lá, seu merda! Então está dizendo que eu fui mero instrumento?! Um caralho de tentativa de você resgatar sua idéia de "Débora", que se desvirtuou e fugiu do planejado bem no meio da trajetória?!
- Não sei! Acho que talvez você tenha sido um pouco mais que isso. Você, Orlando, certamente sou mais eu. Digo "sou" porque, mesmo sendo separados de mim, ambos são "eu" mesmo. Não que sejam o desejo que tenho. Detesto quando as pessoas se vangloriam como o que os outros dizem. Tudo mal entendido! Portanto não pensem que eu estou querendo dizer que vocês fazem o que eu desejo faze e não consigo colocar na realidade. O problema é exatamente esse: vocês nasceram para realizar meus desejos ocultos, mas desvirtuaram-se. Não deixaram que minha vontades seguissem seu livre curso. O final que construiram para vocês é diferente do final que eu desejo.
(continuo amanhã a noite... Por agora é só isso, pessoal. Mas a conversa continua...)
- Hein? - disse Orlando.
- Foi você quem falou?
- Claro que não - respondeu Orlando à Débora.
- Porra! E vai dizer que acreditou que você é que tinha criado Débora mesmo? (ataque de risos. Retoma a fala sem fôlego) Ai, ai, sempre ingênuos. Mas ao menos pensam que têm vida própria. Sempre pensei: quero que um dia minhas personagens criem vida própria. Até que elas criam e vira essa merda de pandemônio que virou isso aqui!
- E quem fala daí? - pergunta Débora assustada.
- Ora, senhorita. Andei sendo visitado por um "anônimo" e prefiro fazer o mesmo jogo. Mas certamente não sou esse bundão aí que fala com você de dentro da cabeça dele. Nem nome ele tinha... Orlando! Sugestão de Lucas. E inspirada em uma autora que duvido que conheçam. Aliás, não conhecem esta autora. Eu os criei e digo o que conhecem e o que não conhecem. Mas... Respondendo-lhe a pergunta, digamos que eu seja a caixa fora da caixa fora da caixa. Ou então que você seja a caixa dentro da caixa dentro da caixa , que sou eu.
- A porra das caixas de novo? Orlando, quer fazer o favor de se explicar?! - gritou Débora para Orlando.
- Mas também não entendo...
- Oras, explico então eu. Vejamos... Por onde começo?
- Que tal por quem somos nós, então? - sugeriu Orlando.
- Oras, personagens! Sempre preocupados com essas definições. É certo que nós, humanos de verdade, também nos preocupamos com as "essencialidades", mas é aquela coisa, não é? Não dá pra ser personagem sem ter a vida bem definida no livro, no conto, na crônica, ou no que quer que seja! Mas, tudo bem, cedo à necessidade de vocês! Vocês sou eu distorcido. São as idéias que tenho e a vida que pensei pras pessoas.
Débora, por exemplo, é a mulher que desceu do ônibus num ponto lotado perto de Xerém. Nenhuma das pessoas que estava lá naquele ponto era para ela. Eu estava no mesmo ônibus que a mulher, que talvez não se chame Débora. E não havia ninguém por mim no ponto em que desci. Talvez Débora não tenha dado para o taxista que a pegou ali onde descera. Penso mesmo que ela não faria isso. Mas você, a Débora que eu decidi colocar no papel, fugiu do que eu penso da "Débora" da vida real. E é por isso que criei Orlando, ou Paulo, ou o nome que for porque nomes aqui não importam. Queria livrar-me de meu nome e ver se eu seria alguém diferente! Mas Orlando então fora criado para tentar dar conta da "fuga" de Débora. Ele era o amante, o criador apaixonado, aquele que tentaria resgatar a idéia amada da fuga que ela cometera. Se é que fugas são coisas "cometidas", como crimes. Mas decerto essa fuga que você fez, Débora,é crime, pois não te criei para isso. Criei-te para refletir sobre a solidão daquela mulher que vi descer do ônibus. Criei-te para que eu aprendesse a lidar com a minha solidão.
- Alto lá, seu merda! Então está dizendo que eu fui mero instrumento?! Um caralho de tentativa de você resgatar sua idéia de "Débora", que se desvirtuou e fugiu do planejado bem no meio da trajetória?!
- Não sei! Acho que talvez você tenha sido um pouco mais que isso. Você, Orlando, certamente sou mais eu. Digo "sou" porque, mesmo sendo separados de mim, ambos são "eu" mesmo. Não que sejam o desejo que tenho. Detesto quando as pessoas se vangloriam como o que os outros dizem. Tudo mal entendido! Portanto não pensem que eu estou querendo dizer que vocês fazem o que eu desejo faze e não consigo colocar na realidade. O problema é exatamente esse: vocês nasceram para realizar meus desejos ocultos, mas desvirtuaram-se. Não deixaram que minha vontades seguissem seu livre curso. O final que construiram para vocês é diferente do final que eu desejo.
(continuo amanhã a noite... Por agora é só isso, pessoal. Mas a conversa continua...)
Um comentário:
Pepsi...hehehehehe:
hehehe..."Criaturas", "criadas" de uma criação estruturada (arquitetada?)...Docê prato ao qual se come(...)...hehehe
Sem muitos comentarios, por ora, apenas adorei o desenrolar, a citação "anonima" e a quebra do "sincretismo" de Debora e Orlando devencilhando-os dos "desejos" (reprimidos) do autor...Como diz "alguem" que conhecemos: "Novos significados, para antigos significantes"...fantastico!!!
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