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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

É que isso me incomoda às vezes... Esse vazio, sabe? Acho que você me entende. Ou talvez não entenda mesmo. Mas o vazio depois é maior que o vazio de antes.

Parece com aquilo de quando a gente tem fome. A gente come, come, come. E tempos depois está lá o mesmo vazio, tomando tudo.

A relação com a comida deveria ser diferente do tipo de relação que estou falando. Mas não é. Por vezes é pior, por vezes me sinto mais como qualquer utensílio, qualquer instrumento.

O homem moderno desaprendeu como se relaciona com pessoas. É diferente de como se relaciona com as coisas. Mas numa sociedade de consumo, em que o que importa não é quanto você tem, e sim o quanto você pode ter, quantas vezes você pode trocar o mesmo produto, o mesmo acabou valendo para as pessoas.

Não importa se se tem 20 celulares. O que importa é: qual a sua capacidade de seguir o ritmo do lançamento de novos modelos? Quantas vezes em um ano você pode descartar seu aparelinho antigo e comprar um novo, que logo será trocado novamente e assim por diante?

Contava, antigamente, o respeito pelo produto em si. Uma tevê durava anos na casa de uma família. Mesmo capenga, ela era mantida, a despeito dos novos modelos. Atualmente, se não se troca a tevê de tempos em tempos, sim, você está fora da lógica.

Esse modo de relação nos é tão comum que, para muitos, acabou virando o único modo de estabelecer uma troca com o mundo que o cerca. Não importa um relacionamento em que se tem "a sorte de um amor tranquilo", mas pequenas relações, tão descartáveis quanto os produtos.

Nessas relações, não cabe o ligar-se compromissado e "definitivo" com quem se está. A regra é a conexão: hoje estamos juntos, amanhã não estamos mais. Conectamos e desconectamos nossos sentimentos (isso apenas se eles conseguiram estar envolvidos na situação, o que muitas vezes nem chega a ocorrer) como se desconectam cabos para ligar o novo aparelho de DVD à tevê recém trocada.

Os encontros passam a ser, então, encarados como episódios de um programa de tevê. NOtaram como os programas de tevê em geral perderam a velha fórmula da continuidade. As relações viram um grande seriado, como Friends: assista o episódio que quiser, quando quiser, sem compromisso com o episódio seguinte. Aliás, pensar que haverá um episódio seguinte já estar funcionando errado dentro da nova lógica.

Enfim, isso às vezes incomoda. Parece que as relações se esvaziaram mais. Num começo, pensei, essa seria a possibilidade para o preenchimento absoluto, uma vez que todos estão disponíveis, assim como você. Mas esse novo modo de relação apenas reafirma o seu vazio... Após cada novo episódio.

O homem moderno, na busca de uma solução para os seus problemas, acabou criando outros... E este outro problema, parece ter saído completamente do controle.

2 comentários:

Anônimo disse...

mmmmmmmmmmmm...já li sobre algo assim em alguma mono.......vc não?

Anônimo disse...

:(