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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A impaciência e o medo

Era estranho pensar sem saber e, por fazê-lo, perdia-se na escuridão de si mesmo. Por vezes, diria ter certeza de que não mais é só. Por outras, diria temar estar só sem sabê-lo. Perdendo-se a si de vista, esquecia, assim, que o homem é, em si, solidão.
Oscilando entre esses pólos, deixava seu pensamento percorrer tanto as diferentes possibilidades que se apresentavam, quanto as diferentes leituras para o momento presente. Decerto, estas últimas vem primeiro, pois uma determinada possibilidade, para ser vislumbrada, depende do modo como se enxerga o agora e não o contrário.
Foi como quando pensou que, indo falar com o ex, o outro lhe deixaria. Não pensou na possibilidade de que, pelo contrário, ao invés de deixá-lo, mais o outro se aproximaria, e acabou por ver diante de si apenas três possibilidades: ignorar este que gosta; manter-se ao lado de quem gosta, mesmo que este voltasse para o ex; e, por fim, deixar-se doer e definhar, passando a desacreditar nos sentimentos.
Tanto pensou nesta ocasião que quase nem se deu conta de que ela havia passado, perdido que estava em seus pensamentos. De que havia passado e de modo bastante conveniente a ele, a despeito da única leitura que fizera do contexto.
Outra vez, tendo ouvido do outro que este havia acabado de sair de um relacionamento e que , por isso, preferia não se colocar imediatamente em outro, deixou de ouvir num momento imediatamente posterior que estava sendo, aos poucos, incluído nos planos e projetos daquele. Não ouvindo, deixou de felicitar-se, apenas podendo sentir a dor de estar só em uma relação a dois.
Era, sim, estranho pensar sem saber. Mais estranho ainda era pensar e pensar tanto, de modo a não se deixava viver o que acontece agora. Vive nosso rapaz apenas as dores que nem sequer existem. Vive apenas a impossibilidade de gozar plenamente as coisas boas que se lhe vem ao encontro.
Se pudesse ter contato direto com este rapaz, este que tapa-se a si os olhos e ouvidos, enxergando e ouvindo apenas aquilo que, ele teima em dizer, não quer, lembrá-lo-ia que, em breve, irá estar junto de quem gosta. Então, falaria de como o outro está animado para este encontro ou de como o outro já ficara chateado por diversas vezes ao vê-lo vacilar, temer e entristecer-se. Diria então novamente as coisas bonitas que o outro lhe disse, dando-lhe a oportunidade de ouví-las mais uma ou pela primeira vez.
Por fim, o convidaria a ter calma, que uma boa história não se faz com tijolos de idéia, mas com tempo.

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