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domingo, 29 de abril de 2007

Distantes conversas

Ele e ela. Um bar. Sentados numa mesa de bar. "Garçom, por favor, a de sempre", pediu o rapaz. Ele olhou em seu próprio pensamento novamente e viu a menina sentada na cadeira em frente a dele, do outro lado da mesa. Acenou para o garçom novamente e Dois copos, hein! Por favor!.
Sem nada entender, o garçom levou à mesa a cerveja de sempre e dois copos, colocando todo o pedido em frente ao rapaz. "Está esperando alguém, senhor? Precisa que eu pegue outra cadeira?", perguntou ele ao freguês de modo polido, na tentativa de descobrir porque era necessário um outro copo quando ali havia apenas uma pessoa e um acento.
- Não, não é necessário... Certamente ela não virá. Tampouco a convidei. Mas o copo será para mim o representante dela aqui, o meu mais valioso símbolo. E o que é o amor senão símbolos?
"Certamente é só mais um daqueles casos de separação com os quais lido quase todas as noite", pensou o pobre atendente. Mas não sabia o pequeno e franzino moleque-servidor que aquele não podia ser caso de separação, uma vez que entre aqueles dois, aquele rapaz a quem ele servia e a menina em que aquele rapaz pensava, nunca houvera nada além de ausências: cada um faltava repetidamente ao encontro nunca marcado e, por isso mesmo, nunca ocorrido dos dois.
Sentada numa mesa de bar, ela ouvia os amigos falarem sobre coisas em geral. "Falar sobre coisas em geral é 'legal'", ela pensou e, inevitavelmente, lembrou-se de como o rapaz usa legal para, modestamente, falar de coisas boas que ele possui.
Falar sobre coisas do geral faz com que a menina sinta-se viva, pois entende que viver é ser intencionada por alguém, é ser figura para a consciência de outrens. Tendo deixado vir à tona a lembrança do rapaz, pensou em como tinha dúvidas sobre gostar ou não do modo como ele a intencionava: faz poucos dias que deu-se conta de que, apesar de temer a solidão, seria uma boa escolha ficar sozinha por um tempo, mas conheceu o rapaz e este começou a gostar dela, estragando toda a possibilidade de algo legal e, ao mesmo tempo, toda a possibilidade de solidão que ela queria. Não sabia se, de fato, não gostava do modo como o rapaz a intencionava. Não sabia, contudo, também se estaria ou não disposta a intencioná-lo do mesmo modo, a retribuir aqueles gestos. E ficava paralisada e perdida na imensidão de suas dúvidas.
De cá de fora, eu, autor e criador destas personagens que nunca existiram mas que devem haver aos montes por aí, penso que a menina teme correr o risco: intencionar o rapaz do mesmo modo que o rapaz a intenciona é correr um risco muito grande. E admitir que não se permite intencionar o rapaz do mesmo modo é admitir que não consegue arriscar, colocando assim em risco o que ela mesma vem sendo.
Mas, continuemos, que opinião de autores nunca importam de verdade. Melhor que elas é a ilusão de que as personagens vivem por si só.
Em dois lugares diferentes, em dois lugares distantes, pensam um no outro:
- Gostaria que ele estivesse aqui, pois sinto falta de seus gestos, que perdem-se no ar e encerram-se em si - pensa ela.
- ... já que meus gestos não se encerram no ar, trazendo em si todo o mundo de sentimentos que tenho em mim - concluíra o rapaz um de seus pensamentos. Gosto quando ela usa suas gírias.
- ADORO quando ele me mostra músicas que me fazem sentir o momento - pensou ela, usando suas gírias.
- Na verdade, queria que ela estivesse aqui mais do que eu estar aqui. Estar aqui não importa. Estar aqui perde-se no instante de estar. Ela estar aqui é idéia, é pensamento, é símbolo.
- De fato, temo que esteja aqui. Não quero perder-me em conversas sobre o gostar. Não quero admitir-me perdida. Perder-me é algo incômodo. Há algo de errado. Não sei o que. Prefiro manter distância. Queria que ele estivesse aqui. Como amigo. Não gosto do jeito com que ele busca definições: "Somos o que? Amigos?" Não gosto quando ele busca esse tipo de definições. Mas já o defino como amigo e só assim consigo relacionar-me com ele, pois eu também preciso de certezas para saber em que chão piso.
E mesmo longe, conversavam.

sábado, 28 de abril de 2007

Pequenito comentário sobre conversa do dia-a-dia

Vamos imaginar: você trabalha numa multinacional e seu chefe fala outra língua.

Estranhamente, o caboclo, ao invés de dizer, "onde assino", diz "dove firmo?".

Sexta-feira. Véspera de final de semana prolongado por feriado na terça... E lá vai você com a papelada e o cara diz: "Dove firmo?".

Eu diria: "Não, chefe, não faz isso não que esse lance de 'firmeza' pode ser perigoso".
Ou então: "Saravá! O senhor é de que? Eu sou de Oxóssi!"
Ou ainda: "Oh! Da última vez que fiz isso, só me lembro que acordei com o charuto entre os dedos e com um monte de gente em volta de mim, intrigado..."

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Livro de ontem

Capítulo antigo. É o capítulo que eu mais gosto do capitulado livro "(Des)mascarado".
Capítulo 7
Não sei, já disse, Impossível, dê sua opinião, Não vou dizer, e riram-se os dois da conversa que tentavam travar. Ela passava a mão nos cabelos dele enquanto ele olhava dois pequenos furículos que ela tem no septo nasal e que fazem do nariz dela uma parte interessantemente especial. O dia era desses nem frio nem quente como era comum na cidade. O sol forte parecia não esquentar o chão, sempre frio. Eram frias também as pessoas. Eram frios, há poucos dias, eles também. Mas agora não. Agora eram qualquer coisa menos fria, qualquer coisa mais aconchegante do que sempre puderam ser. Estavam no play do prédio da menina que tinha cabelos negros em fios grossos e inquietantes. Nunca deixava seus fios em paz, sempre puxando-os para aqui e acolá. Não poucas vezes usava coques, lindos coques que lhe revelavam o rosto. E dois minutos depois de tê-lo feito, o coque, desmanchava-o para reconstruir algum outro penteado. Digo reconstruir pois todos parecem já Ter sido construídos e desconstruídos ali.
O céu era azul como fora sempre, mas tinha esparsas nuvens brancas que ele olhava de soslaio para que a forte luz vinda lá de cima não lhe ferisse as vistas. As mesmas nuvens que olhava refletiam a claridade intensa, o brilho nada fosco da luz amarelada do sol. Estavam na sombra formada pelo prédio, em um banquinho bem encostado à parede alta que se erguia em 12 andares. Como estiveram andando e o mover-se, sabem lá os físicos o porquê, gera calor, sentiam-se quentes. Fora aliás por isso que ele se deitara no colo da menina e ela começara a acariciar-lhe o cabelo.
A superfície fria do mármore do banco lhe gelara as costas e o frescor perpassara todo seu corpo em um arrepio. Todo o calor que sentira esvaíra-se. No entanto, tampouco sentira frio. O sol não esquentava. Fora o colo da menina e o carinho que saia de seus olhos castanho-quente. O carinho aquecia a alma de nosso rapaz.
Sentados no banco, cercados pela sombra que se projetava segundo as formas do prédio a uns cinco metros à frente, podiam olhar o verde fresco da mata que ali perto havia. Era como se as árvores todas ficassem satisfeitas em receber aquele sol frio e claro após longos dias de chuva.
O verde fresco e limpo das árvores. A sombra fresca e fria do prédio. O mármore gelado do banco. O calor do carinho dos olhos de Georgina. Era como se no mundo nada mais existisse.
Olhou para cima procurando os olhos da menina. Ela olhou-o nos olhos e perguntou, O que você acha que combina comigo, que profissão, Talvez Filosofia, Mas não me interesso completamente por isso, é como se tentassem aprisionar o que não é aprisionável, Por isso insisto em lhe dizer que não posso dar-lhe uma resposta apenas e que, tendo que dar-lhe diversas opções, não lhe resolvo os problemas de Ter de escolher que profissão seguir.
A preguiça fez-se presente. Georgina jogou os braços sobre o corpo do rapaz. Pressionou-lhe a cabeça com a barriga, seus seios tocaram-lhe os ombros e os braços estiraram-se ao vazio num longo espreguiçar-se. Lentamente aprumou-se de novo. Olharam-se nos olhos e riram de leve aproveitando cada segundo, que a moleza que sentiam no corpo parecia transformar em minutos. Insisto que diga algo, Não sei, já disse, Impossível, dê sua opinião, Não vou dizer, e riam-se os dois da conversa que tentavam travar.
Não passarei mais tempo, leitor, tentando descrever a cumplicidade que podia sentir ali, vendo esta cena de fora. Era como se não estivesse vendo a cena de fora e sim participando dela. Não passarei mais tempo tentando descrever a cumplicidade nesse dia entre nosso rapaz e Georgina, pois seria o mesmo que tentar descrever a face de Deus ou definir em palavras vazias o sexo dos anjos. Não somos, por mais que queiramos ser, cúmplices desses dois e dos sentimentos que tinham entre si. Descreverei apenas os fatos que se deram nessa conversa. Se quiserem daí extrair sentimentos e subjetividades, fiquem à vontade, mas me eximo de qualquer responsabilidade pelo tom que derem a este relato.
Ele jogou o braço direito para cima e deixou que pousasse por trás do pescoço de Georgina. Puxou-a ao encontro de seu rosto. Olhava fixamente nos olhos dela. Os olhos dela, por sua vez, olhavam fixamente o rapaz naquilo que os olhos dele não mostravam, entrando profundamente em seu ser, sendo seu ser o que havia de menos determinado, e pensou como o ser dele confundia-se e fundia-se no dela de tal modo que ela o culpava de tomar-lhe os gostos. Ela gostava de V. W., a autora, ele também passara a gostar. Ela ouvia A M., a cantora, ele também. Ela gostava de fast-food, ele gostava de restaurante em que se pede e entregam seu pedido rapidamente.
Puxara a cabeça da menina ao encontro da sua. Seus olhos, levados pelo momento, fecharam-se num espasmo preguiçoso. Lenta e involuntariamente. No colo de Georgina a cabeça do rapaz movera-se como que para melhor ajustar-se. O rosto dela vinha só, sem a ajuda das mãos dele, que afagavam os fios grossos e negros e inquietos. Ela havia compreendido o pedido.
Seus lábios se encaixaram num beijo tépido. A superfície seca dos dois lábios. O vento fresco enregelando as partes desnudas do corpo. Mãos e braços e pernas desnudos encolheram-se num frêmito, como se funcionassem em conjunto. E os lábios secos se abriram. E se moldaram e remodelaram. Aos poucos, deixaram de ser apenas lábios e eram a coisificação do sentimento que ali havia e que insisto em não revelar. Suas línguas tocaram-se timidamente. Retraíram-se. Eram como duas crianças tímidas frente ao desconhecido que, surpreendemente, pareciam conhecer. Nunca se sabe o que iremos encontrar nos beijos de outros. Cada um entra com aquilo que tem no mundo dos negócios. Assim é também no dos sentimentos. Cada um beija com o sentimento que tem e quando os sentimentos são, não iguais, mas partes um do outro, completam-se. E as línguas tocam-se calmamente, os lábios personificam a coisa amada e o ser do amor.
Afastaram-se lentamente. Abriram cada um os olhos. Ele viu o rosto da menina e afagou-lhe a pela lisa com a mão descendo do cabelo, a mesma que a puxara e iniciara aquele momento. Pensou e clamou aos céus para que nunca lhe deixassem esquecer aquilo. Ela abriu os olhos e não viu. Olhava para dentro de si perscrutando em seu interior o que haveria ali que ela não havia visto antes. Certa forma, ambos arrependeram-se pelo tempo perdido em discussões passadas e, internamente, lamentaram-se sozinhos pelo destino dos dois.
Hum-hum, mas você ainda não respondeu, Ah meu Deus, valei-me. Ele olhou o queixo da menina e riram gostosamente da conversa que insistia em falhar. Percebendo de algum modo que não conseguiria evitar uma resposta por muito mais tempo começou novamente a tentar responder sem dar resposta, Já disse diversas vezes que acredito serem as literaturas a área que mais se assemelha a você, mas creio que faria uma boa enfermeira, Sabe que minha mãe fora enfermeira, Sim, falou-me uma vez, Então lembra-te do que digo, Algumas vezes, pois são tantas, Dizes que falo demais assim, na minha cara, Não digo que falas demais, digo que falas e isso é bom, Mas não poderia eu ser médica ao invés de enfermeira, assim poderia ser mais, Verdade, sempre pensei que enfermeiras são pessoas que não conseguiram passar para a faculdade de medicina, Nem sempre.
Como de costume, apesar dele ainda não conseguir prever estes momentos, sendo justamente essa imprevisibilidade que os fazem bonitos, ela desceu seu rosto rapidamente ao encontro da boca do rapaz e deixou que seus lábios tocassem os dele. Ergueu-se novamente, como que orgulhosa pelo beijo tomado e dado de volta. Ele, que antes falava, parara e ficara assim, atônito, apenas encarando-a e ela a ele. Ambos perdidos nos pensamentos de cada um, tentando adivinhar o que o outro pensara sobre aquele momento e sobre tudo aquilo. Ambos sem obter qualquer êxito.
O sol fora se pondo. Passaram boa parte da tarde ali naquela conversa. Se pudesse eu escolher um momento sublime escolheria sempre esses em que o mundo não se modifica. A sombra que o prédio lançava agora era muito maior que os cinco metros apenas e já ultrapassara o pátio que formava o play. Algumas crianças haviam chegado ali para aproveitar o tempo curto de suas férias de verão, mas era como se ali não estivessem. Georgina e nosso rapaz não as percebiam e nem as perceberiam.
Ela olhou para o relógio. Suavemente empurrou a cabeça do rapaz para cima como que lhe convidando a erguer-se. Tinham que voltar para casa. Ela tinha seus compromissos. Ainda se veriam aquela noite, para a qual faltava menos de uma hora, mas ela ainda tinha muito o que fazer.
Ergueu-se e cruzou os braços sobre o casaco preto que vestia. Mais uma vez aproximou seu rosto do da menina. Trocaram mais alguns beijos. Se ela tivesse percebido as crianças no play não teria aceitado tais carinhos, É melhor que as crianças percam-se em sua inocência enquanto é tempo, dizia. Beijos eram inocentes. Mas sentimentos não. E o beijo que beijavam já não era beijo apenas.

Pedaço de conto

Não conseguia mais escrever nem ao menos um texto que lhe agradasse. Talvez fosse todo o momento que vivia ou então poderia ser simplesmente o modo como vivera sua infância.

Como quando teve que escrever esse texto para a escola e, ao chegar em casa, seu pai, bêbado, arremessou-a escada abaixo. Não que tenha aprendido que escrever é um grande tombo, mas certamente estas pequenas reminiscências querem dizer alguma coisa.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Um conto minimalista

Personagens...
O lugar...
O tempo...
A circustância...
O problema...
A resolução...
O desfecho.

terça-feira, 17 de abril de 2007

A Serpente

Em tempos de privação, qualquer pequeno texto vira um conto razoável, já que nada se produz. Então escrevi estas "linhetas" sem sentido e decidi colocá-las aqui mesmo que não sejam boas, mesmo que quase nada digam (ainda que falando da palavra), mesmo que tenham sido mal escritas.
A Serpente

Era uma sala comum. Uma mesa ao centro. Comida.

Estavam todos ali, jogados naquele cubículo. A náusea. A ânsia. O vômito. Aquela substância escarrada jazia no meio de todos. Mas não era substância e nem sequer tinha corpo ou qualquer materialidade.

Não é bem como o exposto - pensara o homem paternal amedrontado - pois sei bem de que não se trata disso. Além do mais, o que é dito deve ser cuidado e agora fica essa coisa sibilando como uma serpente entre nós.

Certamente se fora dito é porque alguém queria dizer - refletira, muda, a maternal - mas recolhamos o dito mesmo que seja esse algo rebelde entre todos.

Pois a palavra, mesmo não dita, mostra-se e agora procura por cada um de nós sendo que em nós já está - disse o jovem rapaz. Não há palavra entre, no meio. Ela me queima e arde... Por dentro!

Não importa a palavra! Foda-se o que fora dito. O que importa é o que se vive e o que se vive, aviva-se sempre de novo dentro em nós - exclamara para si a menina, já quase mulher.

Todos ali. Calados. Ergueu-se a mãe. Pegou a bacia de salada. Acenou para a filha, que levantou-se para ajudá-la.

O rapaz e o pai se olharam. Começaram a retirar toda a louça suja e empilhá-la na pia.

Boa noite, disseram em uníssono. E amanhã estariam novamente naquela mesma mesa.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Sobre como contar histórias

Se há algo que muito me inveja é quem sabe contar História como se fosse uma simples estória, um mero caso, como se fosse o fato engraçado acontecido no final de semana na praia.

Estava voltando do 3º Juízado Especial Cível. Fui fazer companhia à minha irmã antes dela entrar para resolver um pequeno caso com o banco. Na volta, havia essa menina na rua andando com uma mulher mais velha e ela, a menina, contava para animadamente essa história para a mulher.

Imediatamente pensei: são os hormônios da adolescência fervendo o final de semana e deixando resquícios na segunda-feira. E apressei o passo para não ouvir as besteiras que imaginava serem ditas.

Foi quando ultrapassei-as e aí já era tarde demais para diminuir a velocidade sem que percebessem que eu queria mesmo era o ouvir o que contavam: "E aí o cara, puto, chamou o Estácio de Sá para ajudá-lo. Estácio de Sá, guerreiro!, veio em sua ajuda e guerreou, levando uma flechada na cara. Ficou agonizando por um mês e faleceu".

Nem sei se há veracidade histórica. Fato é que era interessante. Eu já logo comecei a imaginar os índios que habitavam aquele naco de chão do centro da cidade e um Estácio de Sá (que não era, graças ao meu bom Deus, uma grande rede de universidades) guerreiro lutando bravamente em auxílio de seu amigo.

Quando eu estava no segundo grau tive a sorte de ter bons professores de história. Teve aquela que não me lembro o nome que levou um texto de um líder de movimento de resistência na América Central e chorou imbuída pelo espírito da revolução. Teve a outra que passou "Ilha das Flores" e fez quase todos os alunos saírem cabisbaixos de sala mas também pensando em fazer algo para mudar aquilo. Mas a vencedora foi a Rosângela, professora lá de Além Paraíba.

Nunca havia visitado a Paris da Revolução Francesa tão bem quanto com ela. Eu me senti cada um dos personagens. O próprio rei. Depois um dos sans-culottes (é assim que escreve?). Depois um preso da Bastilha. Depois um mero plebeu e assim vai.

É uma dádiva contar História como se fosse estória, como se fosse essa coisa que aconteceu com a gente mesmo em algum tempo remoto que a gente nem lembra mais nem quando, nem como exatamente.

Enfim, e aí estou no trabalho ouvindo Cordel do Fogo Encantado. Não tem nada a ver com o post, mas o cara recita esse poema do Zé da Luz e diz que uma vez disseram para o poeta que para falar de amor precisava de palavras rebuscadas e um português correto (aliás, tem a ver com o resto do post sim, porque o que seria desse poema tão simples se não fosse essa breve história sobre como surgiu?). Foi então que o poeta escreveu:

Ai Se Sesse*(Zé da Luz)

Se um dia nós se gosta-se
Se um dia nós se quere-se
Se nós dois se emparea-se
Se jutim nós dois vive-se
Se jutim nós dois mora-se
Se jutim nós dois drumi-se
Se jutim nós dois morre-se
Se pro céu nós assubi-se

Mas porém se acontece-se de São Pedro não abri-se
A porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arrimina-se
E tu com eu insinti-se
Prá que eu me arresouve-se
E a minha faca puxa-se
E o bucho do céu fura-se
Távez que nós dois fica-se
Távez que nós dois cai-se
E o céu furado arria-se
E as virgem todas fugi-se

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Sempre tentava falar com a menina. Nunca obtinha respostas. Talvez prefira não dirigir-me palavras, pensou ele logo após uma das tentativas e decidiu que evitaria cumprimentá-la caso esbarra-se com ela por aí.
Acontece que nem sempre o que o homem decide é o que se apresenta para ele. Sartre chamaria isso de facticidade: os fatos nem sempre são bons e o homem deve lidar com esses fatos. E fatos se apresentam desde sempre nessa breve história.

Professor, posso falar rapidinho com os alunos, perguntou ele ao abrir a porta. Era apenas uma questão política sobre o ensino. Gostava de questões políticas. Sentia-se vivo movendo-se em prol de algo que não seu próprio bem-estar.
Colocou-se próximo à mesa do professor e olhou ao redor. Turma de iniciantes. Calouros, se preferir. Sabia disso. E olhava a turma. E viu a tal menina.
Tinha decidido, poucas horas antes, na terapia que ficaria algum tempo só. Mas não era essa vontade que tinha ao ver aquela menina sentada no canto superior esquerdo da sala, junto às amigas. Certamente, teria que lidar com sua vontade, que agia a contragosto de si mesma.
E no meio de seu texto sobre como as questões eram importantes, a menina levantou-se e saiu, ao que ele penso "De fato, não é alguém com quem eu virei a falar, como bem imaginara".
Surpresa, porém, teve ao sair de sala. Ela propôs ajudá-lo de algum modo com a causa. Voltaria para a sala, assinaria o tal papel e o guardaria para entregar ao rapaz no dia seguinte.
Ele aguardou pelo dia seguinte ansiosamente, com a esperança e a certeza de vê-la de novo. Pensava obsessivamente como estaria o papel: imaginava o quanto da personalidade da menina estaria revelado no modo como ela lhe entregaria aquelas folhas. Se rasgadas, diriam algo; se amassadas, outro algo, e assim por diante.
Qual nada! Estavam as folhas guardadas em um saco plástico, organizadas na ordem de entrega. Mas o que mais esperava era a oportunidade de falar com a menina, o que não se concretizou. Para os gregos, a oportunidade é uma deusa que se apresenta aos homens quando bem entende. Para o rapaz, as oportunidades são criadas pelos próprios homens e fora ele, portanto, quem não criara a oportunidade de falar com a menina. Convenceu-se, assim, de que nunca mais falaria com ela.

Encontrei-o em uma comunidade, ela escreveu-lhe num site de relacionamentos.
Novamente, todas as certezas do rapaz esvaíram-se. Tão certo de que ela nunca, por ser quem era, lhe dirigiria a palavra novamente, já tendo feito demais em lhe ter ajudado com os papéis aquele dia, era ela ali escrevendo-o.
Ansioso, pensou no que escrever. Nada conseguiu digitar, porém, que não achasse descabido demais para a situação. Imaginava sempre que aquele, exatamente aquele, seria o último conjunto de palavras a serem trocadas.

Sempre tentava falar com a menina. Nunca obtinha respostas. Talvez prefira não dirigir-me palavras, pensou ele logo após uma das tentativas e decidiu que evitaria cumprimentá-la caso esbarra-se com ela por aí. Mais uma vez, como não poderia deixar de ser, convenceu--se disso e seguiu adiante.
No entanto, os fatos... sempre os tais fatos.
Saindo de uma prova com uma amiga, conversava exatamente sobre como sentia-se só e nunca encontrava alguém interessante. Então, lá vem a menina. E a amiga aponta para ela freneticamente dizendo: tem que ser ela, não sei, alguma coisa... acabei de vê-la mas tenho a certeza de que tem que ser ela.
Preferiu não falar nada sobre como ele pensava o mesmo. Nem ao menos sobre o fato de que já tentara falar com ela algumas vezes e nunca obtinha respostas. Apenas fez um comentário sobre o escândalo que a amiga fizera e sobre como era mal-educado ficar apontando para as pessoas que passam por aí.
Entretanto, voltando para casa, pensou. Pensou. Pensou. E então, pensou mais um pouco e lembrou-se de todas as vezes em que apenas pensou e nada fez. Decidiu escrever algo para ela. Mas ela antecipara-se, como não poderia, novamente, deixar de ser. Eram os fatos cortando as certezas do rapaz e jogando-as fora, colocando-as no lugar que mereciam ocupar: de meras ilusões. A menina escrevera para ele. E dizia:

"Acho que te vi hoje na faculdade, mas de relance...Você faz a noite mesmo? "

Ao que respondeu:

"Rs rs me viu sim. Eu tb t vi rs. Na verdade, bem de frente. Eu estava saindo e vc entrando e minha amiga comentou: nossa q menina bonita rs.Mas como a senhorita nunca está online e eu venho tentando falar com vc e vc nunca responde... rs Achei melhor nem falar nada rs... Então, faço aula à noite sim. De manhã tb. Estou todo enrolado este período.Qual é a boa do final de semana? Cordel do Fogo Encantado na Fundição. Vamos? "

E pela primeira vez depois de todos os dias, conversaram.
Decidiu que a convidaria para algumas coisas, esperando que ela dissesse não de pronto. Não ouviu não. Mas também, não ouviu sim. E decidiu, como sempre, que ela sempre dirá não e fica a espera de que os fatos se mostrem reais e não apenas ilusão.
Hoje, está de saída. Acabara de ouvir uma música que ela deixara para ele baixar. E, apesar de pensar que o fato é que não a verá e não ouvirá mais dela (especialmente após esta história), espera de verdade e pela primeira vez, que os fatos que imagina serem fatos sejam simplesmente ilusão.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Textos dos Hermanos

Trabalho. Dia de sono... Segundo a Aline e a outras pessoas que passam pelo corredor e, mesmo que não digam nada, eu sei o que elas estão querendo dizer, estou estranho. É o sono.

Música para ajudar. Para ajudar apenas até que o player chegue na lista de músicas dos Hermanos (os Los mesmo). E aí, pela primeira vez entendi que essa música pode ser uma linda conversa entre pai e filho. Gostei e estou postando.

A letra fui eu mesmo que tirei, ouvindo a música. Portanto, é possível que tenha ouvido uma ou outra palavra errado.

Primeiro Andar

- Já vou!
- Será? Eu quero ver!
- O mundo, eu sei, não é esse lá.
- Por onde andar?
- Eu começo por onde a estrada vai e não culpo a cidade, o pai. Vou lá, andar. E o que eu vou ver? Eu sei lá.
- Não faz disso esse drama, essa dor!
- É que a sorte é preciso tirar pra ter. Perigo é eu me esconder em você. E quando eu vou voltar? Quem vai saber? Se alguém numa curva me convidar eu vou lá que andar é reconhecer. Eu preciso andar um caminho só. Vou buscar alguém que eu nem sei quem sou. Eu escrevo e te conto o que eu vi e me mostro de lá pra você. GUarde um sonho bom pra mim.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sobre a solidão

Sozinho, em casa, seu peito doía. Não era dor de coração. Não era nada físico, disso tinha certeza.

No dia anterior, explicava a alguns amigos: angústia é o sentimento derivado de nossa liberdade, quando nos colocamos diante da iminência de uma escolha; angústia é aperto. Mas não sabe agora que escolha deve fazer. Apenas sente o tal aperto e nem sabe se é angústia.

Há muito o que fazer. O que lhe vem faltando é ânimo para fazê-lo. E não há nem ao menos como descrever o que há para ser feito, pois não saberia dizer, uma vez que não consegue olhar para o que deve ser feito.

Sozinho, em casa, seu peito dói. É o aperto.

O paraplégico na TV. "Extreme Makeover". O paraplégico na TV ganhou uma casa nova para ele e sua esposa. Tem, inclusive, um tipo de mordomo virtual, o "Alexander", que faz tudo o que ele precisar que seja feito: levanta-o da cama, coloca-0 no banheiro, acende e apaga as luzes, abre e fecha as portas, abre e fecha torneiras etc. E ele, o paraplégico, diz: "Que felicidade! Agora posso fazer tudo sozinho", e o rapaz, sozinho em casa, deixa as lágrimas virem aos olhos, apesar de não deixarem-nas cair.

O momento não é dos melhores para ele talvez. Não sonha mais. Fecha os olhos e não sonha. Aliás, fecha os olhos e não dorme. Será que é para não sonhar?

"Friends" no DVD. Estão os seis no Central Perk. Então, Ross começa a cantarolar essa música. Os outros 5 entram no ritmo e fazem juntos this nice song. E ele, sozinho em casa, condói-se. E nem é que doa junto. Dói-se, melhor seria.

Estes tempos não são bons. Não tem mais fome, a não ser quando está perto das pessoas. No mais, prefere viver o vazio por dentro, literalmente.

Sozinho em casa, seu peito doía.

domingo, 8 de abril de 2007

Pequena Auto-biografia Não-autorizada

Primeiramente, gostaria de perguntar a mim mesmo como uma auto-biografia pode não ser autorizada... anyways... Mas decidi escrever sobre mim, sobre minhas experiência, um pouco sobre tudo o que vivi, mas em poucas palavras.
Consegui! E eis o resultado de meu suor e de meu cérebro.
"Eu. Desde criança fui um dos mais categorizados elementos, tendo muito mais talento e inteligência do que todos que eram menos dotados que eu. Neto de meus avós, filho de meus pais, vim ao mundo em minha cidade natal, exatamente no dia do meu aniversário.
Em menino, era membro ativo da infância, tendo passado para a adolescência na puberdade. Depois disso, fiquei adulto, e, num rasgo cronológico, atingi a maioridade aos 18 anos.
Homem de várias habilidades, sou perito naquilo que melhor faço. Minha memória é tão fantástica que me lembro, nitidamente de tudo aquilo que não esqueci.
Sou uma pessoa de temperamento suave, a não ser quando me exalto, e só me canso em momentos de exaustão. Domino com perfeição todas as línguas que falo sem dificuldade e quando converso, uso sempre a palavra, deixando apenas para redigir tudo aquilo que escrevo. "

sábado, 7 de abril de 2007

Sentimento Embotados

Claro! Tinha de ser assim: ao expressar um sentimento, o embotamento se desfaz e fica fácil falar sobre as coisas. É como aquela farpa cravada no dedo que quanto mais futucamos mais dói e que quando tiramos fica fácil olhar para ela e para o estrago que ela fez. Enquanto embotado, o sentimento dói. Quando exposto, fica fácil olhar para ele. Parece ser algo externo à nós mesmo aquilo que era tão interno que tinhamos dificuldade de dizer.

Foi só falar sobre minha dificuldade de escrever ultimamente que estou aqui escrevendo o terceiro post do dia.

Há coisas que precisam ser ditas... Há coisas aqui no "furacão" na garganta que desejam sair em textos. Talvez não em contos, nem em crônicas, nem em nada literariamente interessante. Apenas escarradas.

Para não dizer e dizer, podemos nos enganar e fingir que no não-dito há algo dito. Fazemos isso sempre. São os recursos retóricos, os volteamentos da linguagem, o círculo vicioso das meias verdades, as brincadeiras que sempre têm um fundo de verdade (e em que a verdade não é apenas o fundo, apesar de ser colocada dessa maneira).

(To be continued)

Jornal de ontem, notícia de anteontem

Aline tem razão: é muito bom quando lemos algo antigo que nós mesmos escrevemos e nos assustamos com o fato de termos sido nós mesmo os criadores daquelas linhas por serem elas boas o suficiente para não poderem ser escritas por nós.

Estava limpando minha caixa de entrada do GMail e encontrei alguns rascunhos. Ando com um certo bloqueio "emoliterário" (aquele em que o embotamento das emoções dificulta a produção literária) e nenhum conto ou texto que escrevo parece bom. Nem ao menos um dos diversos temas que me proponho ao longo de um dia me parece suficientemente atraente para virar texto (apesar de, lá no fundo, saber que é um bom tema).

Não quero publicar neste blog textos antigos. Textos que já apareceram em outro blog meu ou no meu orkut não são textos para esse espaço aqui. No entanto, este texto abaixo é antigo.

Como nunca coloquei-0, porém, nem em blog nem em orkut e pela surpresa que me causou por ter sido eu mesmo o autor de tal conto inacabado, decidi colocá-lo aqui.

É que a máxima "jornal de ontem, notícia de anteontem" parece não valer para contos. Às vezes (como é o caso dos sentimentos que esse pedaço de conto aqui me traz) parece que escrevemos no passado sobre nosso momento futuro. É aquela velha história de que poeta (e quem diz que não há poesia na prosa, está errado) é um grande "vaticinador".



"Se ligo é porque não sei de tudo, disse ele em resposta ao 'Você sabe tudo mesmo' que ela acabara de lançar como sendo um comentário ocasional. Era a primeira vez em dois meses que se falavam. Desde aquele dia em que sentaram para conversar uma derradeira vez ainda como o casal que eram (e que depois da conversa já não seriam), nunca mais haviam trocado palavras.

Naquele dia, dores. Hoje os sofrimentos eram outros e de outra ordem: as diferenças do amor não são de modo algum iguais ao término deste. Naquele dia, conversaram sobre o fim do amor; hoje conversam sobre como há diferentes amores para cada pessoa amada.

Separaram-se porque ela já não aguentava viver com aquele homem que horas era como ela queria, firme e decidido, e outras como ela nunca ousara querer - carente e amoroso. Separaram-se porque nele já não cabia tanto amar. E foi assim que ele aprendeu que, na vida, tudo são divórcios. O aprendizado contudo, não passou de mera abstração, de idéia em sua cabeça; não descera até as vísceras, não rebentara-lhe o coração: explicaria muito bem que divórcios são comuns e que era natural ela ter-se divorciado dele, mas não compreendia como isso seria possível ao passo que ainda havia amor. "



No dia de hoje: sono, "furacão" na garganta e sentimentos embotados.

Sobre a impossibilidade do controle

Era uma vez uma televisão com controle.
Depois, era uma vez uma televisão que já não tinha controle.

Mas o controle não era controle.
Nem a televisão era televisão.

domingo, 1 de abril de 2007

Re-velar

O homem revela-se em cada ato. Ato indica ação. A cada ação, o homem revela-se.
Minha irmã faz um curso de fotografia e está encontrando sua praia. E fala sobre como o processo de revelação é interessante. Tirar do papel o que ali nunca esteve deve, de fato, ser uma experiência divertida.
Estamira, por sua vez, a mulher que trabalha no lixão de Gramacho (digo "trabalha", mas imagino que já não trabalhe mais lá e que o diretor do documentário tenha dado algum dinheiro a ela), diz que veio ao mundo revelar a verdade, nada mais que a verdade (e somente a verdade, perante Deus... Se ela acreditasse em Deus).
E o que é o revelar??? Parece que há aqui dois processos diferentes.
Uma amiga me diz: sinto-me vazia, apesar de ter algo. Penso que o outro algo, que eu não tenho, é o que realmente me faz falta.
Revela-se ou esconde-se com a frase?
O revelar da fotografia é o processo em que se coloca no papel aquilo que se colocou no filme. O filme, outrora branco, agora está impresso com aquilo que o fotógrafo quis lhe imprimir. Com todo o processo, revela-se no papel a foto. Mas a foto não estava no papel... O processo todo colocou-a ali, colocou ali o que ali não havia.
A Estamira veio para revelar: veio para dizer o que ninguém sabe. Veio para colocar no mundo o que no mundo não há: a verdade.
Parece que esse "revelar" comum nos fala de algo que nunca foi mas que passsará a ser, a partir do momento em que se "revela".
Usemos, para nos ajudar, o hífen. É preciso, contudo, deixar claro que isso que faço com o hífen nunca é correto (não, ao menos, até que provem que é). O processo é mais ou menos assim: pego uma palavra, tento encaixar um hífen e compreender algum sentido que possa haver na palavra que antes eu mesmo não percebia. Desta vez é o re-velar.
Velar significa movimento de esconder. Re-velar seria, portanto, esconder de novo. Mas há também quem vele os mortos. Penso que velar, nesse caso, seria algo como "cuidar" (é, amigos, por mais engraçada que seja pelo fato de sempre abrir numa palavra de sentido positivo que nunca traz "Rodolfo" na definição, a edição eletrônica do Aurélio ajuda muito e, hoje, me faz falta). Portanto, re-velar seria "cuidar de novo".
Pensemos no primeiro caso. Re-velar seria esconder. Logo, indica que algo fora des-velado, ou seja, que algo fora "colocado para fora" e que precisa retirar-se de novo. No Lao Tse Tung, livro de uma das religiões indianas, há algo como "é no silêncio que as palavras falam". É escondendo-se, retirando-se, que a fala vigora e faz vigorar seu conteúdo. Fala-se, des-vela-se, e retira-se. E o ser fica claro pelo "escondimento" que faz de si.
No outor sentido, vemos o cuidado. Se pensarmos na palavra, é como se cuidássemos dela mais uma vez. Disséssemos e cuidássemos para que o sentido permaneça.
No caso de minha amiga, ela me diz: não sei, mas algo me falta.
No entanto, em momento algum ela me disse isso. É que, no retirar-se de sua fala, há um conteúdo que vai velar-se de novo. Mas eu posso, pelo próprio "escondimento", aproveitar a luz que ela lançou sobre ele. Posso pegar esse conteúdo no colo e cuidá-lo. Dar a ela todo o carinho e atenção do mundo.