Claro! Tinha de ser assim: ao expressar um sentimento, o embotamento se desfaz e fica fácil falar sobre as coisas. É como aquela farpa cravada no dedo que quanto mais futucamos mais dói e que quando tiramos fica fácil olhar para ela e para o estrago que ela fez. Enquanto embotado, o sentimento dói. Quando exposto, fica fácil olhar para ele. Parece ser algo externo à nós mesmo aquilo que era tão interno que tinhamos dificuldade de dizer.
Foi só falar sobre minha dificuldade de escrever ultimamente que estou aqui escrevendo o terceiro post do dia.
Há coisas que precisam ser ditas... Há coisas aqui no "furacão" na garganta que desejam sair em textos. Talvez não em contos, nem em crônicas, nem em nada literariamente interessante. Apenas escarradas.
Para não dizer e dizer, podemos nos enganar e fingir que no não-dito há algo dito. Fazemos isso sempre. São os recursos retóricos, os volteamentos da linguagem, o círculo vicioso das meias verdades, as brincadeiras que sempre têm um fundo de verdade (e em que a verdade não é apenas o fundo, apesar de ser colocada dessa maneira).
(To be continued)
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