Google

terça-feira, 17 de abril de 2007

A Serpente

Em tempos de privação, qualquer pequeno texto vira um conto razoável, já que nada se produz. Então escrevi estas "linhetas" sem sentido e decidi colocá-las aqui mesmo que não sejam boas, mesmo que quase nada digam (ainda que falando da palavra), mesmo que tenham sido mal escritas.
A Serpente

Era uma sala comum. Uma mesa ao centro. Comida.

Estavam todos ali, jogados naquele cubículo. A náusea. A ânsia. O vômito. Aquela substância escarrada jazia no meio de todos. Mas não era substância e nem sequer tinha corpo ou qualquer materialidade.

Não é bem como o exposto - pensara o homem paternal amedrontado - pois sei bem de que não se trata disso. Além do mais, o que é dito deve ser cuidado e agora fica essa coisa sibilando como uma serpente entre nós.

Certamente se fora dito é porque alguém queria dizer - refletira, muda, a maternal - mas recolhamos o dito mesmo que seja esse algo rebelde entre todos.

Pois a palavra, mesmo não dita, mostra-se e agora procura por cada um de nós sendo que em nós já está - disse o jovem rapaz. Não há palavra entre, no meio. Ela me queima e arde... Por dentro!

Não importa a palavra! Foda-se o que fora dito. O que importa é o que se vive e o que se vive, aviva-se sempre de novo dentro em nós - exclamara para si a menina, já quase mulher.

Todos ali. Calados. Ergueu-se a mãe. Pegou a bacia de salada. Acenou para a filha, que levantou-se para ajudá-la.

O rapaz e o pai se olharam. Começaram a retirar toda a louça suja e empilhá-la na pia.

Boa noite, disseram em uníssono. E amanhã estariam novamente naquela mesma mesa.

2 comentários:

Lili disse...

É fica o dito pelo não dito.
..Ou não.

Cara, que dia interminável, sorte sua já ter ido embora.

Rodolfo Souza disse...

Sorte minha... Ou não. rs rs

Mas realmente o dia tá creepy... "hey hey hey creepy crawler what's wrong with u now? U seem a little smaler!

Hahahahaha