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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sobre a solidão

Sozinho, em casa, seu peito doía. Não era dor de coração. Não era nada físico, disso tinha certeza.

No dia anterior, explicava a alguns amigos: angústia é o sentimento derivado de nossa liberdade, quando nos colocamos diante da iminência de uma escolha; angústia é aperto. Mas não sabe agora que escolha deve fazer. Apenas sente o tal aperto e nem sabe se é angústia.

Há muito o que fazer. O que lhe vem faltando é ânimo para fazê-lo. E não há nem ao menos como descrever o que há para ser feito, pois não saberia dizer, uma vez que não consegue olhar para o que deve ser feito.

Sozinho, em casa, seu peito dói. É o aperto.

O paraplégico na TV. "Extreme Makeover". O paraplégico na TV ganhou uma casa nova para ele e sua esposa. Tem, inclusive, um tipo de mordomo virtual, o "Alexander", que faz tudo o que ele precisar que seja feito: levanta-o da cama, coloca-0 no banheiro, acende e apaga as luzes, abre e fecha as portas, abre e fecha torneiras etc. E ele, o paraplégico, diz: "Que felicidade! Agora posso fazer tudo sozinho", e o rapaz, sozinho em casa, deixa as lágrimas virem aos olhos, apesar de não deixarem-nas cair.

O momento não é dos melhores para ele talvez. Não sonha mais. Fecha os olhos e não sonha. Aliás, fecha os olhos e não dorme. Será que é para não sonhar?

"Friends" no DVD. Estão os seis no Central Perk. Então, Ross começa a cantarolar essa música. Os outros 5 entram no ritmo e fazem juntos this nice song. E ele, sozinho em casa, condói-se. E nem é que doa junto. Dói-se, melhor seria.

Estes tempos não são bons. Não tem mais fome, a não ser quando está perto das pessoas. No mais, prefere viver o vazio por dentro, literalmente.

Sozinho em casa, seu peito doía.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu Deus....só piora.