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sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Erros de "escrivinhação"

Pois se há erros de gravação nos extras do DVD, porque não os erros de escrita no blog ao final deste mês que, Caio Fernando Abreu concorda, é um dos mais longos e chatos do ano: agosto? E não adianta, Rubem (o Fonseca), fazer livro com o nome do mês. Ele é um ingrato mesmo. Muitos contos se iniciam e se perdem nesse mês... É assim sempre! Todo ano. Há dois anos atrás foi um livro que comecei em agosto... E este ainda está parado no oitavo capítulo, dos 30 que eu havia planejado.

Pois segue então três pequenas tentativas de colocar coisas para fora:

1- Uma família saindo de férias ao que tudo indica. Um conto para falar sobre como ignora-se o momento em função da pressa de se viver o que se espera.

2 - Uma tentativa de descrever o sexo. É que ainda tenho destas dificuldades... Ainda farei novos esforços e espero que estes sejam menos piegas.

3 - Um começo de texto sobre um dia chuvoso em que ouvi Nine Inch Nails de verdade.


Então, vamos lá:


1 - Era tudo uma grande correria. A casa cheia. Os cães olhando a todos nada entendendo. porque tanto movimento? Para que tanto movimento? A casa nunca fora assim! As pessoas da casa nunca foram assim!

É que ali havia uma bomba, já vou logo dizendo. Não gosto quando os leitores ficam imaginando, tentando avidamente compor todo o quadro da situação.Esta, a situação, sou eu que crio. Não cabe a vocês. Por enquanto, tudo o que lhes cabe é tentar sentir a pressa.

Os passos na escada iam velozes! Subiam e desciam pessoas a todo o momento. O pai gritava: por favor, rápido! Vamos nos atrasar. A mãe respondia: Querido, você já disse isso um milhão de vezes. E a filha falava: Aí que saco! Detesto férias!






2 - Era puro tudo aquilo. A pureza exalava pelos poros de cada um. Uma beleza sutil, simples. Um campo verde e plácido.

Os olhos se olharam. Não se viam, contudo. Iam além daquela superfície. Os olhos se olhavam e não se viam a si mas sim aquilo que estava para além deles mesmo: viam-se por dentro e desnudavam-se pelo olhar.

Ficaram assim por minutos. Os lábios esboçavam leves sorrisos. Apenas de canto de boca. Uma fugaz folha caindo ao balançar dos galhos. Um diminuto flerte de um lábio consigo mesmo. Os superiores amando os inferiores e ambos abrindo-se levemente. Era um pequenito sorriso nos lábios de cada um.

Tanto haviam esperado. Tanto haviam imaginado. E agora estavam a apenas um toque de distância. E agora não estavam a nem sequer um passo um do outro, que os olhares os fundiam, os fusionavam. Eram apenas um: um único lábio, com um único e mesmo sorriso, um único olhar que se olhava a si, bem no fundo de si.

As mãos, hesitantes, de ambos ergueram-se em súbita carícia. Tocaram-se. Sentiam-se. Era o momento e a própria superação do momento.

Os pêlos eriçavam-se a cada novo toquezito. Leves toques.

Os corpos se aproximaram. E os lábios se aproximaram. E as peles se aproximaram. E os pêlos se aproximaram. Sentiam-se e estavam ali, presentes, por uma vez.

Em resposta aos toques e ao roçar dos lábios, a respiração ofegou-se. Ela tinha vida própria. Controlava-se. Melhor seria, que ninguém ali seria capaz de controlá-la.

As mãos de cada um, em consonância, passaram por trás dos rostos inertes e tocaram a nuca. Levemente, um frêmito tomara os corpos.





3 - A chuva rasga a pele. Tem dias que a chuva é de rasgar. É sempre em dias assim: frios. É sempre em dias em que entre você e o mundo há uma massa gigantesca de gelo. Em dias assim, tudo o que se precisa é um pouco de calor, seja ele qual for, mas aí vem a chuva.
Hoje queria sol à noite. E queria colo de novo. Sinto-me como uma criança recém-saída da barriga materna. Quero dormir como um feto. Ou balançar-me para a frente e para trás como um autista.
Lembro-me da oração budista "Nam-Myoho-Rengue-Kyo" e a possibilidade de que o mundo mude por conta do muito querer. Hoje, quero que o mundo se desmundifique - Nam-myoho-rengue-kyo - quero que o mundo se nadifique- Nam-Myoho-Rengue-Kyo - quero que o mundo não seja meu mundo - Nam-Myoho-Rengue-Kyo - quero ser um nada, novamente - Nam-Myoho-Rengue-Kyo.
NIN é demais, Lucas. NIN é a salvação neste momento. Sinto como se a música entrasse por mim, me limpasse, arrancasse qualquer coisa de dentro, tudo o que há dentro. A música me escarra.






É isso, queridos. Quem quiser, comentários serão bem vindos... Algum destes deveria ser continuado? SIm, isso seria um bom comentário.

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