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sábado, 23 de junho de 2007

Da compreensão

Interessante notar como os temas, mesmo soltos, tratam de algo em comum. Os últimos textos falam de culpa e da dupla mal e bem. Como diria Lucas, não sei se "dupla" (aliás, ele nem diria não sei e afirmaria: não são dois, não são opostos!).
Quando tudo não parece fazer sentido em nossa história, aí vem algo e nos coloca em contato direto com o escrito e somos capazes de entender o que saiu de nós mesmos e que até então era apenas texto.
Me lembro de uma técnica de Gestalt (não sei se se chama técnica, mas por técnica aqui quero dizer uma espécia de dinâmica a ser utilizada em terapia, mesmo que - e principalmente, penso eu - individual), uma técnica que a Sá falou uma vez, tão logo aprendera. Pede-se para que o cliente feche os olhos e que tente recordar-se de algo bem remoto, que tente "puxar" em sua memória a lembrança mais antiga que guarda.
Feito isso, pergunta-se: e como essa lembrança afeta o seu momento presente?
É como isso essa questão dos textos. É como se agora, relendo, tudo fizesse sentido no meu momento presente.
Os clássicos soam clichês. Para que não soem clichês tem que se saber usá-los, mas esse não é o caso. De qualquer modo, corro o risco dos clichês e peço-lhes que se recordem do livro de Robert Louis Stevenson, "The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde", ou apenas "O Médico e o Monstro", em que Dr. Jekyyl, buscando uma substância capaz de separar o bem e o mal em uma pessoa, acaba por tranformar-se no terrível Mr. Hyde (e aqui o clichê também do jogo de palavras entre "Hyde" o "hide", esconder).
É que hoje sinto-me como o Médico. Sinto-me Monstro. Sinto-me mal.
É que dentro em mim há o mal. "Mas há o bem", diria o policial Nelson, de um de meus textos pretéritos. Mas é que algo deve ficar mais forte em algum momento.
As pequenas... Não consegui. Lucas disse que provavelmente, ao fazer o que fiz, que provavelmente eu ficaria com uma imagem de que desisto das coisas facilmente. E ele tem razão.
Retrospectivamente, desisti de muitas coisas por dificuldades. E como ele disse, os limites ficam mais estreitos com o tempo.
Na tevê um professor da UFRJ. "Resiliência", explica ele, "é um conceito da física que fala da capcidade de que uma energia aplicada seja retornada ao meio pelo objeto que a recebeu". Melhor dizendo, é como quando comprimimos uma borracha. A resiliência diz respeito à capacidade da borracha de devolver parte da energia que fora aplicada sobre ela, retomando sua posição inicial. Mas nem toda a energia é retornada.
Como diria Reich (Lili, estou usando os conceitos corretamente?), é como se com o tempo perdêssemos a capacidade de pulsação. Há resiliência, mas ela não é infinitamente resiliente e com o tempo acabamos ficando na posição em que nos colocaram ou em que nos colocamos ao longo dos tempos.

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