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domingo, 17 de junho de 2007

A Solitária da Culpa

Brincavam de pique-pega:

- Não, Amor assim não vale!
-Como não vale, Esperança?
- Ué, você tem que contar até três antes de correr atrás da gente.
- OK.Um... Dois... Três.

E encostou rapidamente a mão na Tristeza, que logo apaixonou-se pela Amargura. Como estivesse com o pique, Tristeza correu loucamente atrás da Amargura e, depois de muito tentar, emburrou-se e se pôs num canto a chorar.

Nisso veio a Curiosidade:

- O que se passa, Tristeza?
- É que... É que... É que o pique está com você! - e encostou a mão na Curiosidade que, só então, compreendeu porque ouvia tanto dizer que "de curioso, morreu o gato". E Curiosidade ficou triste, que jogar com sentimentos não é mole: de um modo ou de outro, você se contamina.

A Curiosidade correu atrás de todos os sentimentos que brincavam, pois todos lhe interessavam.

Sozinha, isolada num canto, solitária estava a Culpa. Vendo-a, Curiosidade correu afoita em sua direção e encostando sua mão na outra, disse:

- Tá!
- Sim... Tá comigo agora o pique.

Já muito desanimada, ergueu-se do lugar em que sentava e correu atrás dos sentimentos.

Encostou a mão em todos eles. Era rápida a solitária da Culpa. Mas o pique não ficou com ninguém. É que os sentimentos não ficavam com a Culpa. Eles faziam terapia.

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