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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Da escatologia

E o menino perguntou:

- Mãe, o cocô é a gente que faz, né?
- É, meu filho - respondeu a mãe, embaraçada, que todos no ônibus olharam.
- E como é que é feito?
- AH! Meu filho... Como é que é feito?... A gente come... Aí a comida faz um caminho muito longo...
- Como este que a gente tá fazendo? Tá chegando?
- Tá quase, meu filho, tá quase - respondeu ela, aliviada. O menino parecia ter esquecido o assunto. O silêncio presentificou-se, até que:
- E como é o caminho da comida, mãe?
- Começa na boca e - aí seguiu com o dedo da boca do menino até a barriga, fazendo cócegas. E ele riu... Mas não esqueceu de continuar:
- E aí sai por baixo, né?
- É. Sai - o rubor visível.

Então o menino começou a olhar pela janela. Havia esquecido do assunto?

- Mãe, mas então o cocô vem da comida, né?
- É, meu filho.
- E a comida tem um cheiro bom...
- Sim, uma boa comida tem cheiro bom...
- Mas porque o cocô fede?
- Júlio Alberto, vamos deixar pra conversar isso outra hora, ok? - disse ela ao perceber o riso solto do rapaz no assento ao lado - Isso não é coisa de se falar assim, em público.
- Ah é verdade, mãe. Isso é coisa de se fazer escondido. No banheiro. Mas é porque fede, né? Mãe - disse sorrindo - já pensou se não fedesse? Aì a gente ia poder fazer cocô na frente dos outros...
- É, Júlio Alberto, mas agora chega, viu?

O menino levantou-se. virou-se e ajoelhou no banco. Ficou olhando para a janela. Os carros passando. Levantou-se de novo, virou e sentou. Aío levantou e pulou por uns dez segundos. Aí sentou. Aí deitou no colo da mãe. E levantou do banco e fez menção de sair para o corredor, mas a mãe não deixou. Estava visivelmente inquieto. As idéias ferviam em sua cabeça.

- Mãe, chega aqui - acenando para que ela chegasse mais perto. Falou, então, ao pé do ouvido - Mãe, o papai também faz cocô?
- Ué, meu filho, claro! Todo mundo faz!
- Até Deus?
- Aì não sei, filho, porque ninguém conheceu Deus pra dizer...
- Nem a vovó? Você disse que ela tinha ido morar com Deus.

A senhora do assento da frente olhou repreensivamente para a mãe do garoto: como podia mentir para uma criança?!

- Querido, sim a vovó foi morar com Deus, mas nunca voltou pra contar como é. Mas Ele disse que fez a gente a imagem e semelhança dele, então ele deve fazer cocô também.
- E o vovô? O vovô também faz?
- Faz. Todos fazem, Júlio Alberto! Já lhe falei. E agora, fique quieto e sossegue!
- Mãe, só mais uma pergunta?
- Ahn?
- O vovô faz na calça, né? Que nem eu faço ainda de vez em quando, mas eu sei que vou parar... O vovô sou eu, depois.

Um comentário:

leafar disse...

huHAUAHAUHAUA, ilário!