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sábado, 15 de setembro de 2007

Na pizzaria

A pizza portuguesa é o próprio amor. Tinha ganas de comer pizza. Mas, não sei... Simplesmente foi impossível... A fatia no prato, o garçom já havia saído da mesa. Servia a família sentada ao lado. A menina, santarrona... Pensa que eu não via suas pernas gorduchas chutando a perna bem delineada da namorada do pai. E o irmão...?! Moleque gorducho também. E fazendo piadas tolas sobre como ia emagrecer comendo todas aquelas pizzas. O pai rindo de tudo aquilo. Entupindo as veias dos filhos e rindo de tudo.
Teve momentos que pensei em pedir para mudar de mesa. Mas... Quedei-me ali. Hoje era um desses dias em que eu... A gente acorda sem querer dar trabalho. Nem pra nós mesmos. Não tomei nem banho. Seria muito esforço para mim. Preferi poupar-me o sacrifício.
Engraçado como a gente se esquece das coisas. Sempre fui àquela mesma pizzaria e tenho a sensação de sempre me prometer nunca voltar ali. Mas volto! Sempre volto... O atendimento péssimo. Os garçons sempre com aquela cara de "pois vou fazer um favor em te servir agora". E nem estou na França! Pois é... Terceiro setor de terceiro mundo!
Nada ia bem naquele lugar. Até a tal fatia. Ultimamente não tenho conseguido comer muito. O médico disse que passa, que é coisa da idade. Eu penso mesmo que seja do tempo. Enfim, idade ou tempo, tanto se me dá! (Ai, escrever cansa. E eu quase escrevo que cansar cansa. Mas a modernidade nos deu o backspace, o redial e essas teclas bem funcionais). Não acho que tenha a ver, porém, essa pequenez do estômago com minha inabilidade para lidar com a pizza portuguesa, que foi só ela bater no prato e me indispus. Me indispus comigo mesmo dessa vez.
A pizza portuguesa é o próprio amor. Não é "como se fosse", é ele mesmo. Todas aquelas coisas juntas, aqueles ingredientes comuns a todas as pizzas... Tudo tão frugal e, ao mesmo tempo, tão necessário. Tudo tão comum e, naquele mesmo espaço, disputando sabores, aromas, tudo tão distinto. Até o ovo ralo e mal cozido combina! O presunto, a cebola, o queijo... E olhei aquela fatia... E consegui até olhar a santarrona chutando a perna da futura madrasta com certa simpatia, ou piedade. Ela, a menina, não era capaz de compreender o amor. Quase peguei o prato com minha pizza e esfreguei na cara dela. Mas tem gente que não adianta e hoje é um dia desses, de não se dar trabalho.

Um comentário:

Paula Brasileiro disse...

Nunca tinha olhado uma pizza portuguesa sob esse viés.. Deve ser pq me ensinaram q pizza só de calabreza.. O mundo precisa de mais amor mesmo! Mt bons seus textos!

(http://guidaramirez.blogspot.com)