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sábado, 15 de setembro de 2007

O amor e a eternidade

"Vem pra separar
O lado bom do mal
E acalmar meu coração (...)
Vem pra se arrumar na minha confusão
Vem querendo ser feliz"
(Dudu Falcão)

O menino, com olhar furtivo lançado ao redor, deixara suas mãos tocarem as da garota. Os dedos entrelaçaram-se e os olhos cruzaram-se tímidos. Ambos desviaram o olhar, aproveitando para, novamente, verificarem se alguém os via.
Estavam na porta do colégio, os colegas haviam saído apressados ao toque da sineta, mas sempre poderia restar algum. Ao que parece, contudo, apenas os dois quedaram-se ali, rentes ao muro amarelado e limoso.
Os portões já estavam fechados. Talvez ainda algum professor esivesse lá dentro, trancafiado numa sala de aula ou na sala de reuniões refletindo sobre os rumos da educação no país ou sobre como faria para pagar o curso de inglês do filho, que o menino decidira fazer direito e ser diplomata.
Se houvesse algum transeunte na rua, isso não seria problema para os dois. Decerto que poderia passar por ali um conhecido. No entanto, não se preocupavam com isso. O problema seria mesmo os colegas ou professores: é que a eles não fora dada a dadivosa compreensão do que havia entre eles, ela recostada no muro, ele agora com o braço passando rente à cabeça da menina: amavam-se e criam na eternidade daquele amor. Os colegas e professores maculariam aquele sentimento: não são capazes de crer na eternidade. "Tudo passa", diriam. Mas o menino e a sua menina, eles dois criam na eternidade daquele amor.
Devagar as mãos do rapaz se soltaram do muro e começaram a tatear o rosto da garota. Ela olhou-o de soslaio, um charmezinho feminino, e sorriu de canto de boca. Ele sorriu de volta e entregou-se ao ímpeto que subiu-lhe em arrepio pela coluna: avidamente, lançou seus lábios contra os dela, buscando sua língua na dela, sua saliva naquela boca. Buscando nela a imagem daquilo que ele sentia. Sentia o amor. Sentia a eternidade.
- Você sabe... Vou ser sempre teu! - ele disse, findo o beijo, acariciando-a os cabelos.
- E eu sempre serei tua, meu pequeno! - ela respondeu.
Foi então que, sem vacilar e temer, deram-se novamente as mãos e caminharam até o ponto de ônibus logo na esquina.

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